Quem é você?

   Pergunta simples, certo? Porém, muito difícil de responder. Como pessoas, nós deveríamos estar nos perguntando isso todos os dias. Quem somos nós, ou melhor ainda, quem queremos ser?

   Ultimamente, a humanização das marcas tem trazido essa pergunta à tona com cada vez mais força. Tem se tornado popular a ideia de as marcas se comportarem como pessoas. Como humanos.

   Enquanto isso parece natural porque humanos estão confortáveis perto de outros humanos (nós somos sociais, afinal), o que podemos não perceber é todas as imperfeições que vêm com a humanidade.

   No nosso mundo super rápido de mudanças disruptivas, onde o caminho requer tomada de decisão em um ambiente de ritmo frenético, nós vamos perceber que marcas agindo como humanos com processos de tomada de decisão humanos serão tanto racionais quanto irracionais. Serão imperfeitos. Irão falhar, aprender, cometer erros e reaprender.

 Como resultado, precisaremos estar confortáveis com o fato que marcas se encaixarão em uma variedade de traços de personalidade, assim como humanos. Mas marcas normalmente simplificam seu significado para clientes e infelizmente caem em seis tipos de personalidade na era disruptiva.

 Então, o que são essas personalidades e como marcas reconhecem onde se encaixam no espectro? Perceba, muitas marcas não serão 100% puramente desses traços de personalidade, mas irão encontrar um modelo híbrido de traços de personalidade. Mas para entender como evoluir na era disruptiva, nós devemos identificar quem somos para decidir o que queremos ser.

O Negador. A estratégia do Negador é bloquear uma realidade indesejada. Conhecemos pessoas assim e ultimamente estamos conhecendo marcas que são assim também. Essas marcas que se encaixam em um certo tempo e era, mas não se adaptaram. Possivelmente acreditaram que eram grandes demais para falhar. Então, em algum lugar no meio do caminho, outras marcas a interromperam ou a tecnologia mudou e eles não mudaram com ela.

O Especialista. Essas marcas são muito utilitárias por natureza. Elas fazem um ótimo trabalho quando é necessário que elas aguentem tarefas especificamente direcionadas, mas não têm muita ressonância emocional, portanto são frias e calculistas. Nesse caso, pode acontecer de um certo dia sua oferta não ser mais necessária ou querida. Eles não puderam ver além de seu campo de visão para se adaptar e continuar relevante com uma completa nova especialidade ou para se tornar mais conectado emocionalmente.

O Reversionista. Essa personalidade de marca adere às suas decisões previamente programadas e hábitos com desespero dogmático. Quanto mais a mudança ameaça a marca, mais meticulosamente essa marca repete antigos modos de ação. O que essa marca fornece, pode ser que não tenha mais demanda, e eles têm uma dívida de tecnologia que pegou eles de surpresa.

O Super Simplificador. Essa é a marca que usa grandes palavras em sua publicidade e marketing para o que é basicamente um produto ou serviço  que ninguém entende ou necessariamente precisa porque é muito complexo. De qualquer forma, quando o consumidor percebe que eles foram enganados, eles falaram para as pessoas nunca mais confiarem nessa marca novamente. Essa é uma personalidade de marca que tateiam desesperadamente, investe cada ideia que eles têm com relevância universal – geralmente para o embaraço da marca. Pessoas sendo sarcásticas nas redes sociais? Vamos agir dessa maneira. Empresas jogando palavras grandes por aí como AI, Big Data e Disrupção? Podemos ser tudo isso e ainda mais. Nosso concorrente atualizou sua marca e eles cresceram? Bom, precisamos fazer isso também. Toda marca está movendo o marketing das redes sociais para a TV novamente mas não podem explicar o porque? Bom, vamos seguir isso e explicar nossas ações mais tarde de uma maneira simplificada.

O Visionário. É um traço raro para a maioria das marcas ser. A combinação de maior sucesso seria a de criatividade, empatia, inteligência e dados para navegar no novo normal de mudança frenética. Os visionários estão procurando o que está a frente e contabilizando o fato que incertezas existem. Eles estão mapeando o futuro ao invés de esperar os outros o definirem para eles. Novamente, se marcas estão tentando se alinhar com traços humanos, elas nunca serão perfeitas, porque humanos não podem ser perfeitos. Mas visionários entendem suas ações, que falhas são aprendizados no mundo incerto que habitamos. Marcas assim não estão sendo construídas para crescer rápido e ir embora, elas estão construindo culturas sustentáveis com missões e querendo ficar por um bom tempo.

O Provocador. Muitas marcas que desejam ser visionárias infelizmente provocam, cutucam, escavam, interrompem, atolam a cultura e não operam de forma transparente, mesmo que digam para todos que sim. Eles percebem que não precisam de um milhão de clientes. Eles apenas precisam provocar um bilhão de pessoas para ter dois milhões de clientes que os apoia e os ama porque gostam da atitude dessa marca. Mas se um bilhão de pessoas raivosas ajudá-los a chamar atenção, eles fizeram seu trabalho para ganhar relevância com seu público alvo. Muitas marcas que aspiram ser visionárias são lobos na pele de cordeiro, agindo como provocadores. Nós a conhecemos, talvez até tenhamos apoiado alguma delas.

    Você precisa criar um debate para então formular quem um dia você foi e quem você está se tornando. É o que chamamos na vida de “crescer” ou “amadurecer”. É agora, em última análise, um processo semelhante que as marcas estão emulando, a fim de descobrir quem são e quem elas querem finalmente ser.

    Agora pergunte a si mesmo aquela pergunta novamente. Quem é você? Você realmente quer saber?

Daphné Chermont

Connections Director
Fonte: Geoffrey Colon, autor do livro Disruptive Marketing: What Growth Hackers, Data Punks, And Other Hybrid Thinkers Can Teach Us About Navigating the New Normal